Criatividade

Como Duolingo, Surreal, Liquid Death e Squatty Potty Usam o Storytelling para se Destacar

A maioria das pessoas ouve “marketing” e pensa em vendas, ou imagina alguém tentando empurrar um produto — e geralmente a imaginação para por aí. Na realidade, muitas campanhas e os profissionais por trás delas querem provocar algo maior: contar uma história. Hoje em dia, vivemos em um mundo onde as marcas disputam a atenção extremamente curta dos consumidores. E as que se destacam não são necessariamente as mais barulhentas, mas sim aquelas que criam uma narrativa tão envolvente e cativante que mantém o público por perto — e comprando. Elas constroem uma história impossível de ignorar. Na verdade, os consumidores chegam até a torcer por elas como se fossem seu time de futebol favorito!

Storytelling de marca é a arte de fazer as pessoas sentirem algo e, quando bem feito, transforma clientes em fãs de carteirinha. Vamos analisar quatro marcas que dominaram essa arte: Duolingo, Surreal, Squatty Potty e Liquid Death. Cada uma tem uma abordagem diferente, mas todas provam que contar histórias é a ferramenta mais poderosa do marketing atualmente.

Duolingo: Entretenimento Educativo com Marketing Viral

Duolingo não é apenas um app de aprendizado de idiomas — é uma coruja verde completamente descontrolada, com uma bússola moral duvidosa e uma obsessão (um tanto agressiva) por te lembrar de praticar espanhol. A equipe de mídias sociais da empresa transformou um aplicativo simples em uma performance contínua, abraçando a cultura da internet com uma energia caótica.

Um exemplo disso é a presença do Duolingo no TikTok. O mascote da Duolingo, o Duo, virou uma estrela por si só, com vídeos que mais parecem obra de um estagiário fora de controle que ganhou acesso total à conta da empresa. Esse humor absurdo e autoconsciente acerta em cheio o que o público jovem adora: conteúdo que parece espontâneo, irreverente e totalmente conectado ao mundo digital. Estranho? Com certeza. Mas funciona.

A narrativa da Duolingo não vive apenas nas redes sociais. Ela se espalha por todos os aspectos da marca — desde notificações push que soam como ameaças desesperadas ("Você não me ignoraria se eu fosse a Taylor Swift") até a piada recorrente de que o Duo vai te caçar pessoalmente se você pular uma lição.

Assista a um dos TikToks virais do Duolingo aqui:

Surreal: A Arte de Não se Levar a Sério

A maioria das marcas de cereal segue o mesmo roteiro — caixas coloridas, mascotes em desenho animado e foco nos benefícios à saúde ou no prazer de comer. A Surreal rasgou esse roteiro. Em vez de apostar nos clichês da publicidade tradicional, eles construíram uma marca baseada no humor seco e na absurdidade.

E os outdoors deles? Uma forma hilária de “anti-publicidade” autodepreciativa. Como esse, por exemplo: "Nosso cereal é feito de 100% cereal."
Eles também pagam pessoas comuns com nomes de famosos — tipo um Michael Jordan aleatório, não o lendário jogador de basquete — para fazerem propaganda da marca. Já fizeram isso com MJ, Serena Williams (que não é a estrela do tênis) e Mark Zuckerberg (que não é o bilionário da tecnologia).
Assista à campanha publicitária da Surreal com eles:
Ao fugir de todas as expectativas, a Surreal se posiciona como a rebelde divertida da prateleira de cereais. As pessoas simplesmente não conseguem ignorar — é tão fora do comum que você precisa ver o que eles vão inventar a seguir.

Squatty Potty: O Unicórnio do Cocô que Mudou Tudo

Como transformar um banquinho de banheiro em um nome conhecido por todo mundo? Se você é a Squatty Potty, você chama um unicórnio que faz cocô de sorvete arco-íris e cria um dos comerciais mais memoráveis de todos os tempos.

Quando a Squatty Potty foi lançada, ela tinha um problema: as pessoas não queriam falar sobre seu produto.
Banquinhos de banheiro não são exatamente assunto pra mesa de jantar. Então a Squatty Potty recorreu ao poder do humor e do storytelling visual.
O resultado?

Um comercial de três minutos com um príncipe medieval explicando os benefícios de uma melhor postura no banheiro, enquanto um unicórnio produz alegremente “produz” sorvete colorido. Era estranho. Era engraçado. E funcionou.

O anúncio não só viralizou como transformou um produto de saúde de nicho em um fenômeno popular. As vendas dispararam e o Squatty Potty virou item comum nos banheiros dos EUA. Isso é storytelling de marca em sua forma mais pura: pegar um assunto desconfortável, envolver com humor e espetáculo, e deixar as pessoas com uma propaganda que nunca mais vão esquecer.

Assista ao comercial do Squatty Potty aqui:

Liquid Death: Assassinando a Sede com uma Narrativa de Rockstar

Enquanto a maioria das marcas de água engarrafada aposta em pureza, bem-estar e hidratação, a Liquid Death foi na contramão e disse: “Esquece isso — vamos fazer da água algo brutal.”

Tudo na Liquid Death parece algo saído de uma cerveja ou energético — das latas estilo tallboy ao slogan agressivo "Murder Your Thirst" (“Assassine sua sede”). A marca não vende só água; ela vende rebeldia. Seus anúncios parodiam a cultura corporativa, tiram sarro do marketing com influenciadores e abraçam completamente uma estética heavy metal.

Uma de suas campanhas mais icônicas trouxe um aviso legal falso alertando pais sobre o branding “perigoso” da empresa — alimentando ainda mais a ideia de que a Liquid Death é a bebida dos que quebram as regras. Eles também apostam em ações exageradas, como vender kits de boneco de vodu junto com a água ou doar parte dos lucros para ajudar a “matar a poluição plástica”.

A Liquid Death prova que até o produto mais básico pode virar um fenômeno cultural — desde que a narrativa seja ousada o suficiente.

Assista a uma das campanhas “Safe for Work” da Liquid Death:

O Que Podemos Aprender Com Essas Marcas

O que todas essas marcas têm em comum? Elas não apenas fazem marketing — elas entregam entretenimento. Criam histórias que fazem as pessoas sentir algo — seja humor, rebeldia ou pura absurdidade. E, mais importante ainda, elas entendem que, na economia da atenção de hoje, ser esquecível é pior do que ser polêmico.

Quer construir uma marca com um storytelling que realmente gruda na mente das pessoas? Comece se perguntando:
  • Qual é a emoção que você quer que seu público associe à sua marca?
  • Como você pode transformar seu produto em uma experiência?
  • Você está disposto a correr riscos e quebrar padrões?